Biotecnologia Chinesa: Inovação, Investimento e a Corrida pela Liderança.
- Lantau
- 16 de abr.
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Em um cenário globalizado, a China emerge como protagonista na inovação e colaboração farmacêutica, impulsionada por oportunidades de desenvolvimento inéditas. Esse dinamismo atrai o interesse de investidores e empresas farmacêuticas estrangeiras, que buscam ativamente novas áreas de crescimento neste mercado promissor.
Nos últimos anos, a China tem investido massivamente em biotecnologia, com o objetivo estratégico de se consolidar como potência global no setor. O governo chinês implementou políticas ambiciosas e destinou financiamentos significativos para impulsionar a pesquisa e o desenvolvimento em áreas cruciais como terapia genética, edição de genes (CRISPR), biomedicina e agricultura biotecnológica. A iniciativa "Made in China 2025" sublinha a biotecnologia como indústria fundamental para o futuro do país, visando aumentar a autossuficiência e a competitividade internacional.
A iminente ultrapassagem da China aos Estados Unidos na liderança global em biotecnologia é a principal conclusão de um relatório recente da Comissão de Segurança Nacional sobre Biotecnologia Emergente do Congresso dos EUA (NSCEB). O estudo de 215 páginas soa um alerta sobre o avanço chinês em áreas vitais das Ciências da Vida, advertindo que os EUA têm apenas "três anos para reagir" antes de uma possível perda de liderança "da qual talvez não se recupere". O alerta é taxativo: "Estamos diante de uma mudança de poder global".
Domínio na Biomanufatura e Cadeias de Suprimentos Farmacêuticas: A China consolidou-se como uma potência na produção de ingredientes farmacêuticos ativos (APIs) e medicamentos genéricos. Essa dependência excessiva das cadeias de suprimentos chinesas é uma preocupação para os EUA, especialmente em cenários de crise ou conflito. O relatório NSCEB revelou que até 90% de alguns medicamentos amplamente utilizados nos EUA são importados da China.
Avanços em Biologia Sintética e Engenharia Genética: O rápido progresso chinês em biologia sintética, edição genética (incluindo CRISPR) e terapias celulares (como CAR-T) suscita preocupações sobre o potencial uso indevido dessas tecnologias. A China tem registrado patentes em áreas como CAR-T, CRISPR e RNA mensageiro, equiparando-se a líderes ocidentais. Os EUA temem que essas capacidades possam ser aplicadas para fins militares, como o desenvolvimento de armas biológicas ou o aprimoramento genético de soldados.
Coleta e Uso de Dados Genéticos: A China possui extensos bancos de dados genéticos, em parte devido à sua vasta população. A forma como esses dados são coletados, armazenados e utilizados gera preocupações, especialmente em relação à privacidade e à segurança nacional. O potencial uso desses dados para vigilância ou discriminação também é motivo de apreensão.
Terapias Genéticas e Células-Tronco: A China tem se destacado na pesquisa de terapias genéticas, com diversas clínicas e instituições desenvolvendo tratamentos inovadores para doenças genéticas e câncer. A empresa GeneQuantum, de Suzhou, firmou um contrato de US$ 13 bilhões com a americana Biohaven e a sul-coreana AimedBio para o desenvolvimento de medicamentos oncológicos. A chinesa Harbour BioMed celebrou um acordo de US$ 4,7 bilhões com a AstraZeneca para anticorpos de nova geração voltados à Oncologia e Imunologia. Empresas como WuXi AppTec e Hansoh Pharma emergiram como centros de inovação, com a última firmando um acordo de até US$ 1,9 bilhão com a Merck para desenvolver um medicamento experimental contra a obesidade.
Agricultura Biotecnológica: A China investe em culturas geneticamente modificadas para aumentar a produtividade agrícola e a resistência a pragas, visando garantir a segurança alimentar para sua crescente população.
Outras iniciativas: Em 2024, empresas chinesas formalizaram 98 acordos internacionais, totalizando US$ 59,5 bilhões. No primeiro trimestre de 2025, o país já celebrou 33 acordos com empresas estrangeiras, movimentando US$ 36,2 bilhões – um aumento de 18% em relação ao ano anterior. A China construiu dezenas de parques industriais dedicados à Biotecnologia em cidades como Suzhou, Shenzhen e Xangai.

Em suma, a disputa pela liderança em biotecnologia entre os EUA e a China é uma questão complexa que engloba inovação, segurança e competitividade econômica, com implicações significativas para o futuro de ambas as nações.
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