A guerra comercial travada entre China e Estados Unidos ano passado deixou claro uma coisa: temos dois protagonistas dividindo o palco. Os Estados Unidos já assumem esse papel global há muito tempo, podemos entender isso desde a execução do Plano Marshall. Agora a China está executando um plano de alto impacto econômico, sim ele já existe e foi primeiramente anunciado em 2013 pelo presidente Xi Jinping.
Quando vemos a China hoje, é difícil imaginar que esse país já teve uma outra interpretação do seu papel no mundo moderno. O país preferia ter um perfil mais low profile nos assuntos globais. Bom, isso hoje já é um passado distante e a magnitude da The Belt and Road Initiative que já está em execução é uma prova de que de fato as diretrizes chinesas mudaram. O objetivo desse plano ousado é fortalecer três pontos chave: trade, infraestrutura e investimento. A que tudo indica pelo menos 65 países serão impactados e as estimativas de investimento gira em torno de US$ 1 trilhão.
O plano tem como base duas frentes de operação principais. The Road que apesar do nome se trata de uma rota marítima. Essa rota se origina na costa leste chinesa, passando por diversos portos estratégicos no território chinês. Conectando esses pontos a outros portos no sudeste asiático, Índia, África e segue em direção à Europa pelo golfo de Aden e o Mar Vermelho. A segunda frente denominada The Belt consiste em rotas ferroviárias que ligam a Ásia central ao continente europeu através de “corredores”. Esses corredores passam por diversos paíse, e em alguns casos se conectam com os principais portos da The Road.
Alguns projetos que foram incluídos no escopo da The Belt and Road Initiative já estão prontos. Como por exemplo a ferrovia no Quênia que liga a cidade portuária de Mombasa à capital Nairóbi, que teve um investimento de US$ 3.2 bilhões por parte dos chineses. O trecho de 480 quilômetros fez com que o tempo de deslocamento entre as cidades fosse reduzido em 66%. No Sri Lanka o capital chinês foi destinado a construção de um novo aeroporto internacional, o investimento foi de US$ 200 milhões.
Obviamente que uma iniciativa como essa despertou preocupação no Ocidente. A base para tal preocupação é de que os países envolvidos na iniciativa chinesa podem sofrer no longo prazo. Isso por que não é claro como a China cobrará essa dívida. Além da preocupação com a possível dependência econômica que será desenvolvida, suspeitas de motivações geopolíticas e militares foram levantadas. Pois colocaria sob controle chinês alguns dos pontos de infraestrutura logística de extrema importância que ligam o ocidente ao oriente. O governo central chinês se defende reforçando que a sua visão para o projeto é puramente econômica.
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