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Programa CBERS: O maior projeto científico-tecnológico entre dois países na área espacial.

Atualizado: 31 de jul. de 2023

Fonte: mtc-m21b.sid.inpe.br

O presidente Luiz Inácio Lula da silva e o presidente Xi Jinping, assinaram no dia 14/04 acordo que prevê lançamento do sétimo satélite em parceria entre os países. No Brasil, programa CBERS é desenvolvido pelo Inpe em São José dos Campos (SP).

O Cbers-6, novo satélite produzido em parceria entre o Brasil e a China, vai custar mais de 100 milhões de dólares e tem previsão de entrar em órbita em 2028. O Cbers-6 é o sétimo satélite da parceria entre os países.

Cada país deve investir 51 milhões de dólares, cerca de 265 milhões de reais. Juntos, Brasil e China já investiram cerca de 300 milhões de dólares em satélites, equivalente a cerca de R$ 1,5 bilhão nos valores atuais.

No início, a maior participação foi dos chineses, que arcaram com 70% dos custos, enquanto o Brasil custeava 30%. A partir do terceiro satélite o cenário mudou e a divisão passou a ser meio a meio, com 50% de investimento de cada país.

O CBERS - Programa do Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres, começou em julho de 1988, uma parceria de 35 anos entre Brasil e China.

Ele é vital para as comunicações, o gerenciamento dos recursos naturais, o monitoramento das florestas, o zoneamento rural, a agricultura, a pesca, a previsão do tempo, o estudo das mudanças climáticas, o enfrentamento dos desastres naturais e provocados, entre outros temas essenciais. O Cbers atua em várias destas áreas.

O programa CBERS, de caráter civil e pacífico, resultou de um esforço visionário, iniciado com a aproximação Brasil-China em meados dos anos oitenta e formalizado em 1988, na visita do Presidente Sarney a Pequim. Os dois países lutavam contra restrições para desenvolver a cooperação sobre usos pacíficos do espaço exterior. Buscava-se alternativas que efetivamente contribuíssem para maior capacitação tecnológica nesse campo.



O Brasil e a China possuem territórios continentais com grande extensão e vastos recursos naturais. O monitoramento de seus territórios e recursos, sujeitos a mudanças causadas tanto por fatores naturais quanto antropogênicos, constitui desafio considerável. A observação da Terra a partir do espaço representa, portanto, ferramenta de valor inestimável.

O programa sempre teve uma vocação natural para a cooperação internacional. Hoje, a distribuição gratuita de imagens Cbers para países da América do Sul valoriza a cooperação do Brasil com nossos vizinhos. A partir da instalação de estação de recepção do INPE em Boa Vista, foi possível ampliar essa cooperação aos países da América Central e Caribe. Nessa mesma linha, desde 2007 foi disponibilizada a distribuição gratuita de imagens Cbers para todo o continente africano, O "CBERS for Africa" teve impacto político altamente favorável.

Essa política aberta de distribuição de dados de satélite evidencia o continuado engajamento do Brasil na difusão de capacidades para o desenvolvimento sustentável, bandeira defendida com afinco nos foros multilaterais. A visão de futuro que norteou o nascimento do programa CBERS se traduz, atualmente, em intenso diálogo político, frequentes visitas de alto nível, coordenação nos organismos internacionais, comércio em expansão e iniciativas de cooperação em áreas estratégicas entre o Brasil e a China. São relações densas, dinâmicas, que se beneficiam dos efeitos positivos que a cooperação espacial trouxe. Com certeza, esses ganhos continuarão crescendo nos anos a seguir.

Desde o estabelecimento da parceria entre Brasil e China já produziram e enviaram ao espaço seis satélites – Cbers-1, Cbers-2, Cbers-2B, Cbers-3, Cbers-4, Cbers-4A. Atualmente estão em operação, o Cbers-4 e o Cbers-4A. Eles estão entre 630 e 780 km distantes da Terra, em órbita em volta do planeta em uma velocidade de 28 mil km/h.

Os satélites geram diariamente imagens do território brasileiro e chinês. As imagens que os satélites fazem do espaço ajudam principalmente no monitoramento da Amazônia.

No projeto do Cbers-6, será o utilizado radar no lugar de câmeras, isso vai permitir o registro de imagens da Amazônia mesmo quando ela estiver encoberta por nuvens.

"No caso da Amazônia, que é uma região bastante úmida, onde é muito grande a formação de nuvens, o radar permite que você passe sobre as nuvens e faça o margeamento do terreno. Isso é extremamente importante, essa é uma grande vantagem. O Cbers-6, então, ele vem complementar os outros satélites que estão voando", disse Antônio Carlos de Oliveira Pereira Júnior, responsável pelo segmento espacial.


Lençóis maranhenses Fonte: mtc-m21b.sid.inpe.br

Apesar da assinatura da cooperação ter sido firmada no dia 14/04, o projeto do satélite já vem sendo discutido, entre os países, desde 2022. É um de alta complexidade e vem sendo discutido entre as equipes do INPE e da CAST (Academia Chinesa de Tecnologia Espacial) desde o início do ano passado.

Para Antônio, o programa CBERS é de extrema importância para o Brasil e para a ciência brasileira, pois fornece informações valiosas para o monitoramento ambiental e o desenvolvimento sustentável do país.

“As imagens geradas pelo Programa CBERS são amplamente utilizadas por diversos órgãos governamentais, instituições de pesquisa e empresas privadas, contribuindo para o avanço científico e tecnológico do país. Essas imagens são fundamentais para o sucesso de diversos projetos no Brasil”, disse.

“O PRODES, por exemplo, utiliza imagens para monitorar o desmatamento da Amazônia Legal, fornecendo dados precisos e atualizados sobre as áreas de floresta que são desmatadas a cada ano. Já o DETER, utiliza as imagens para detectar e alertar sobre o desmatamento em tempo real, contribuindo para a tomada de decisões rápidas por parte dos órgãos responsáveis pela fiscalização ambiental”, completou.

Além disso, o pesquisador conta que o programa fornece imagens de satélite para ações de resposta a desastres naturais em todo o mundo.

A parceria com os chineses já rendeu problemas com os Estados Unidos. Em 2007, quando a China já se tornava uma potência econômica, o governo americano temia o crescimento militar do país asiático.

Na época, a Casa Branca pressionou os fabricantes de componentes eletrônicos norte-americanos. A ideia era dificultar a venda de peças que ajudam na fabricação dos satélites com a China.

De acordo com o diretor do Inpe na época, o Brasil teve que gastar mais dinheiro para montar os satélites com os chineses, mas hoje o país está mais preparado para possíveis barreiras americanas.

"O que o Inpe fará é diversificar seus fornecedores, comprando equipamentos seja na Europa, seja na própria China. O impacto de um possível embargo americano será minimizado porque nós tomaremos cuidado em comprar, nossas fontes de equipamentos serão muito mais abertas do que comprar dos Estados Unidos", disse Gilberto Câmara, pesquisador e ex-diretor do Inpe.

A cooperação do programa CBERS tem um significado muito importante para os dois Países. Ela demonstra plenamente o princípio da ajuda e do benefício mútuos. A parceria estratégica sino-brasileira está cada vez mais consubstanciada com o desenvolvimento e aprofundamento das relações bilaterais nas áreas política, diplomática, econômico-comercial, cultural, e científica e tecnológica. Vale ressaltar que o programa CBERS tem uma relevância na cooperação científica e tecnológica entre as duas nações. É considerado um modelo de cooperação Sul-Sul na tecnologia de ponta.

 

Referências:




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