A ideia de realocar parte da capital chinesa não surgiu com Xi Jinping. As discussões já existiam e foi no 130 Plano Quinquenal da China (2016-2020) visando a construção de “uma sociedade moderadamente próspera, preparada para enfrentar as instabilidades da economia e assentada numa base sólida de inovação, integração regional, desenvolvimento sustentável e abertura”. O tema mais importante desta declaração de intenções foi o desenvolvimento sustentável, e a Nova Área de Xiong'an anunciada em 2017 por Xi Jinping, uma nova megacidade inteligente projetada para ser o cenário perfeito para o 19º distrito chinês.
Foi então em abril de 2017 que nascia Xiong’an, a Brasília chinesa.
A Nova Área de Xiong'an, localizada a cerca de 100 km a sudoeste de Pequim, tem o objetivo de transformar a área de 1.770 km2 em uma cidade verde com inovação e um modelo nacional de desenvolvimento de alta qualidade. Projetada para assumir as funções de Pequim não essenciais ao seu papel como capital nacional, a área de startup servirá como um novo lar para as faculdades, hospitais, sedes comerciais e instituições financeiras e públicas de Pequim.
Desde a sua criação, Xiong'an foi projetada para se tornar uma cidade inteligente com alta tecnologia e inovação, bem como um ímã para profissionais talentosos de todo o mundo.
Até 2021, mais de 3.700 empresas haviam se registrado em Xiong'an, das quais mais de 2.000 empresas estão nas áreas de pesquisa científica, desenvolvimento de software, tecnologia da informação e serviços tecnológicos, segundo dados oficiais.
As principais empresas de tecnologia chinesas, como Tencent, Alibaba e Baidu, também estão na lista, já que os gigantes da tecnologia estão explorando o grande potencial da área no desenvolvimento de tecnologias de ponta, incluindo direção autônoma, computação em nuvem, blockchain e big data.
A Eye Cool, empresa especializada em inteligência artificial (AI), mudou sua sede de Pequim para Xiong'an em 2018, tendo em vista o ambiente ideal da região para startups de tecnologia.
Passados seis anos, sendo três de pandemia, em maio do presente ano Xi Jinping pegou um trem bala em Pequim e cinquenta minutos depois desceu na estação da cidade de Xiong’an para verificar o andamento das obras.
Foram investidos mais de USD 110 bilhões na implementação de 232 projetos estruturantes como infraestrutura, saneamento básico, construções públicas.
A comparação com Brasília é inevitável. Segundo o pesquisador Andrew Stokols o distrito residencial de Rongdong, é o local onde foram reassentados os moradores originais da região. Mesmo com todo o planejamento o distrito de Rongdong, é a primeira cidade satélite de Xiong’an. “Muitas vilas tiveram que ser demolidas para dar lugar à cidade, em seguida, foram sendo alojadas nesta nova área residencial, que faz parte de Xiong’an, mas não é a área central”. Nesta área, foram construídos mil prédio de apartamentos para reassentar mais de 40.000 moradores locais.
O plano piloto de Xiong’an é chamado de distrito Qibu localizado no eixo leste-oeste. Está dividido em cinco blocos. Qidong vai concentrar o comércio, finanças e as sedes de grandes empresas estatais. No lado oriental de Qidong devem se concentrar os campus avançados de quatro universidades da capital chinesa, com centros de pesquisa. A expectativa é que boa parte destes dois blocos estejam prontos em 2025, quando deverá ampliar a ocupação residencial de Qibu com trabalhadores públicos.
Xiong’an também tem seu lago Paranoá – o lago Baiyandian com 243 projetos de tratamento de água, asseguram a qualidade da água para a população local.
Nos últimos seis anos foram plantadas mais de 454 mil mudas de árvores elevando a cobertura vegetal da região de 11% para 32%. “Verde” é outra palavra da moda no grande plano de desenvolvimento de Xiong’an. Quer se tornar uma cidade verde com interação harmoniosa homem-ambiente.
O roteiro desta cidade sustentável inclui “explorar novos modelos de crescimento [econômico]”, “criar uma cidade inteligente de classe mundial” priorizando “desenvolvimento verde e proteção ambiental”. Gerar a maior parte de sua energia, e cultivar todos os alimentos necessários na área, minimizando as exportações e importações. Objetivo de minimizar e até mesmo eliminar o uso de veículos poluentes.
Embora seja um grande desafio, esse é o objetivo final. A pandemia do Covid19 deu um novo impulso ao projeto e redirecionou o projeto da Nova Área de Xiong’an para o limite tecnológico da autossuficiência. Aliás, isso faz parte do projeto: descobrir onde está esse limite. Assim, a cidade publicou uma licitação solicitando ideias para vários bairros de Xiong'an com as seguintes condições:
Edifícios construídos com madeira e outros materiais locais;
Que produzem sua própria energia e alimentos;
Isso permite que os componentes sejam autofabricados.
Agora é acompanhar e ver o resultado deste megaprojeto.
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