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A corrida para o 6G pode definir a década de 2020.

Atualizado: 10 de ago. de 2023


A China se prepara para o desenvolvimento da tecnologia 6G com perspectiva de atingir velocidades de 1 TB (terabyte) por segundo. Seria o equivalente a conexões 8 mil vezes mais rápidas que as redes de quinta geração. Embora a adoção do 5G ainda engatinhe no mundo, a etapa de estudos foi iniciada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia chinês, que organizou dois grupos de trabalho: um composto por executivos e agentes públicos, e o outro por pesquisadores de universidades.


O objetivo é dar início às discussões a respeito do perfil tecnológico e da adoção dos novos padrões que devem se tornar realidade comercial em 2030.


Espera-se que a internet revolucione a forma como interagimos com tecnologia, já que, além das altas velocidades, as redes de sexta geração teriam o potencial de diminuir latência (a medida de atraso entre envio e recebimento de respostas) a margens imperceptíveis.


Para isso, estima-se que esse tipo de rede use frequências bem altas o que em si representará grandes desafios de engenharia: quanto mais alta a frequência do sinal, menor é a área que ele cobre. Um sinal na casa dos terahertz deverá cobrir cerca de 10 metros apenas.


Por conta disso, uma nova tecnologia de amplificação de sinal deverá ser desenvolvida para evitar a necessidade de uma grande concentração de antenas. Outros desafios também envolvem o consumo de energia, com foco em novas tecnologias de materiais e designs modernos de chips para que o 6G seja uma proposta viável no âmbito comercial e ambiental.


O interesse chinês em dar início ao processo de desenvolvimento do 6G não é prematuro, já que o ciclo de desenvolvimento do 5G também consumiu vários anos e investimentos pesados.


Um dos problemas que preocupam é a relação com os USA, cuja campanha contra os fornecedores chineses é impulsionada em parte pelo medo do domínio 5G da China. Dados publicados recentemente mostram que a China Mobile e a China Telecom, já reivindicam mais de 65 milhões de clientes 5G poucos meses após o lançamento da tecnologia em 2019. Este ano, as operadoras chinesas planejam erguer cerca de meio milhão de bases 5G. Nessas medidas, os Estados Unidos simplesmente não podem competir com um país rico em recursos de cerca de 1,4 bilhão de pessoas. Quando se trata do desenvolvimento de aplicativos móveis novos e potencialmente revolucionários, isso dá à China uma grande vantagem.


Igualmente preocupante para os americanos é a falta de qualquer grande fabricante de equipamentos 5G nos Estados Unidos. A Ericsson e a Nokia, fornecedores responsáveis ​​pela maior parte da infraestrutura 5G do mercado norte-americano, são empresas europeias que não têm conseguido acompanhar o ritmo da Huawei em gastos com pesquisa e desenvolvimento. A Cisco, única fornecedora dos EUA com sérias alegações de ser um player de infraestrutura 5G, também está atrasada.


A guerra comercial contra a China lançada por Donald Trump coloca as duas superpotências tecnológicas uma contra a outra e tem a Huawei, o maior fornecedor de 5G do mundo, como protagonista. Sucumbindo à pressão dos USA, o Reino Unido recentemente baniu a Huawei da parte "central" de suas redes 5G e restringiu severamente sua presença em outras áreas. Se mais países se curvarem aos desejos dos USA, que insistem que a Huawei é uma ameaça à segurança nacional, a indústria pode se fragmentar ao longo de falhas geopolíticas. A Huawei se tornaria ainda mais dominante na China, bem como nos amistosos países africanos e asiáticos, deixando aliados dos USA para rivais ocidentais como Ericsson e Nokia. Isso pode pressagiar um retorno aos velhos tempos de diferentes padrões regionais, à medida que os fornecedores buscam o desenvolvimento isoladamente.


O mundo teve vários padrões concorrentes antes, mas não em meio aos níveis de hostilidade, protecionismo e ansiedade relacionada à segurança que existem hoje. Estas desavenças podem levar a fragmentação da comunidade de padrões internacionais. A indústria de telecomunicações pode estar testemunhando sua própria separação após um longo período de globalização que culminou no desenvolvimento de um único padrão 5G internacional. A bifurcação inevitavelmente aumentaria os custos de 6G, prejudicaria a inovação e concentraria riscos em regiões específicas. Isso poderia apontar o caminho para um setor de telecomunicações dos Estados Unidos inteiramente livre da influência chinesa. Em meio à preocupação com a defasagem de 5G, a questão sobre esse cenário futuro é se isso deixaria os USA ainda mais atrás da China em 6G.


Países como Índia e Rússia estão decididos a cultivar seus próprios fabricantes de equipamentos, enquanto o Reino Unido afirma que a Huawei pode enfrentar restrições mais duras "à medida que o mercado se diversifica". Desesperado para evitar a tecnologia chinesa, até o Vietnã quer construir suas próprias redes móveis. Uma corrida armamentista 6G pode ser a história das telecomunicações que define a década.


E o Brasil em que ponto está?

Referências:


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