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O QUE A ECONOMIA CIRCULAR NA CHINA, SIGNIFICA PARA AS MARCAS DE VESTUÁRIO

Atualizado: 10 de ago. de 2023


A economia circular tem sido um tema amplamente discutido na China. No entanto, o país provavelmente não implementará mudanças políticas dramáticas em 2022. A estabilidade é a principal prioridade econômica para 2022, já que Xi Jinping está garantindo um terceiro mandato no poder e o governo pretende construir uma economia forte em meio à pandemia de Covid-19. Em 2021, a China experimentou um crescimento de 8,1% do produto interno bruto. No entanto, no quarto trimestre, sofreu o crescimento mais fraco que havia experimentado em cerca de um ano e meio com o agravamento do setor imobiliário, aumentando as restrições de consumo de energia, interrupções no transporte e diminuindo os gastos domésticos.


Embora ações dramáticas possam não ocorrer, as marcas estrangeiras ainda devem entender a economia circular na China e como ela pode influenciar suas marcas no futuro.

A economia circular impactará praticamente todas as empresas que fazem negócios na China, mas especialmente os fabricantes que usam recursos para produção e geram resíduos.


Em 7 de julho de 2021, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma divulgou o Plano de Desenvolvimento da Economia Circular no 14º Período do Plano Quinquenal (o “Plano”). Ele abrange o período de 2021-25 e visa desenvolver a economia circular por meio de várias iniciativas, como a promoção da reciclagem, remanufatura, design de produtos verdes e recursos renováveis, com a esperança de aumentar a eficiência dos recursos, estimular a inovação e cumprir os compromissos climáticos.

O Plano define metas de desenvolvimento como:


• Reduzir o consumo de energia e o consumo de água por unidade do PIB em 13,5% e 16%, respectivamente, em comparação com os níveis de 2020;

• Alcançar uma taxa de utilização de 60% para resíduos sólidos a granel e 60 % para resíduos de construção;

• Utilizar 60 milhões de toneladas de resíduos de papel e 320 milhões de toneladas de sucata de aço;

• Produzir 20 milhões de toneladas de metais não ferrosos reciclados entre outras.


Além das metas de desenvolvimento, o Plano, lista tarefas que em grande parte são diretrizes para os governos regionais interpretarem e implementarem de acordo com as condições locais. Algumas tarefas são mencionadas abaixo:


• Construir um sistema de indústria de reciclagem de recursos e melhorando a eficiência da utilização dos mesmos;

• Promover o design verde de produtos, inclusive melhorando as políticas, diretrizes e classificação de design verde;

• Fortalecer a produção limpa, inclusive por meio de auditorias obrigatórias e voluntárias, acelerar a inovação e a modernização da produção limpa e estabelecer incentivos e punições;

• Promover a economia circular em parques industriais, inclusive incentivando uma maior utilização de recursos, a construção de fábricas verdes e a criação de parques de demonstração eco-industriais;

• Melhorar a rede de reciclagem de materiais residuais, inclusive integrando as instalações de reciclagem no planejamento territorial, padronizando a construção do sistema de rede de reciclagem e melhorando as redes de reciclagem rural de acordo com as condições locais;

• Melhorar o nível de processamento e utilização de recursos renováveis, inclusive desenvolvendo um cluster da indústria de recursos renováveis, padronizando a reciclagem de vários produtos, como produtos eletrônicos e veículos de sucata, e aumentando a supervisão regulatória ambiental;

• Promover o desenvolvimento do setor de remanufatura, inclusive em indústrias como autopeças, máquinas para construção, robótica, entre outras;

• Aprofundar o desenvolvimento da economia circular agrícola e estabelecer a produção agrícola circular;

• Fortalecer a reciclagem de resíduos agrícolas, inclusive orientando os agricultores a participar da reciclagem, construindo instalações de reciclagem nas aldeias e estabelecendo instalações regionais de descarte e utilização de resíduos.


O Plano ainda aborda outras frentes de atuação e projetos específicos para setores definidos. Porém gostaríamos de destacar o que a economia circular na China significa para as marcas de vestuário?


Entre várias indústrias, a indústria de vestuário pode ilustrar a importância de entender como os esforços do governo para construir uma economia circular podem influenciar as marcas e como elas operam seus negócios.


As marcas devem entender que seus consumidores exigem responsabilidade ambiental deles.


Os consumidores estão mostrando uma maior demanda por marcas mais ambientalmente responsáveis. A indústria de vestuário chinesa pode ser dividida em dois grupos principais: as marcas de luxo e de alto padrão, como Louis Vuitton e Gucci, que priorizam a qualidade e a experiência de compra; e as marcas de baixo custo, de mercado de massa, como Uniqlo e Zara, que priorizam acessibilidade e modernidade. De modo geral, os consumidores de ambos os grupos não priorizam necessariamente os fatores ambientais; no entanto, eles ainda estão exigindo práticas éticas e varejo responsável.


As marcas podem considerar entrar no mercado “verde” de segunda mão no futuro.


As lojas de segunda mão podem ser “mais verdes”; no entanto, os consumidores não a preferem necessariamente – ainda. O mercado de luxo de segunda mão da China subiu de cerca de 5,9 bilhões de RMB para 17,3 bilhões de RMB entre 2016 e 2020. No entanto, embora o mercado de luxo valesse 4 trilhões de RMB em 2021, ele compreendia apenas 5% do mercado de luxo geral. O 14º Plano Quinquenal também menciona os esforços para promover um mercado de segunda mão. Com os esforços do governo e a crescente preocupação com o meio ambiente entre os consumidores, as empresas podem prestar muita atenção a isso e tomar as medidas necessárias. Por exemplo, eles podem abrir suas próprias lojas de segunda mão ou oficinas no futuro.


Com a crescente conscientização ambiental entre seus consumidores e o governo, as marcas de vestuário na China devem se concentrar mais em tecnologia inovadora e roupas sustentáveis. O 14º Plano Quinquenal diz que trabalhará para “promover o design verde de produtos-chave, impulsionar a produção limpa em indústrias-chave, […] melhorar o nível de processamento e utilização de fontes renováveis”. Entre as matérias-primas sustentáveis mais utilizadas estão o linho e o nylon reciclado. Algumas das marcas de moda sustentável na China incluem NEEMIC, FAKE NATOO e Shokay. As marcas que consideram sua sustentabilidade de longo prazo na China podem se beneficiar ou evitar as consequências de ir contra os esforços do governo na economia circular na China.


O mercado “verde” de segunda mão tende em um futuro próximo, ganhar grande relevância, visto que os consumidores cada vez mais estão demonstrando grande preocupação com o meio ambiente. As indústrias devem se esforçar mais no desenvolvimento de tecnologia inovadora e roupas sustentáveis, pois há um número crescente no mercado de marcas de moda sustentável.


Sem dúvida este será um dos caminhos que contribuirá na transformação das políticas ambientais e de mudanças climáticas.


 

Referências:



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