Qinghai é a maior província chinesa em termos de território (excluindo-se as regiões autônomas, que também serão abordadas nessa série) e foi estabelecida em 1928.
Aqui 49,5% da população é composta pelas chamadas minorias étnicas, com 37 grupos diferentes presentes na área. A China como um todo tem 56 grupos étnicos oficiais e se excluirmos os Han 汉族, que representam 90% da população, temos 55 minorias, ou seja, Qinghai tem um dos ambientes mais diversificados da China.
Dentro dos 37 grupos presentes na região, os tibetanos são os maiores, representando 20% da população total da província, que é também a nascente de três dos maiores rios da Ásia: Amarelo, Yangtze e o Mekong. Aqui também encontra-se o lago Qinghai 青海湖, maior lago de água salgada da China e o segundo do mundo.
História
Durante a Era do Bronze a área de Qinghai era habitada por povos nômades, similares aos encontrados na Ásia central, que vagavam pelas planícies, vivendo de pequenas práticas de agricultura e criação de animais.
A Dinastia Han 汉朝 (206 a.C-220 d.C) conquistou parte do que hoje representa o leste da província, mas o território inteiro foi palco de grandes conflitos entre a Dinastia Tang 唐朝 (618-907) e o Império Tibetano, ambos lutando pelo controle das famosas Rotas da Seda. Esse conflito foi vencido pelos tibetanos que reinaram na região até sua dissolução em 838, quando Qinghai voltou a ser dominada por tribos locais e teve seu centro de poder fragmentado.
As Dinastias Song, Yuan e Ming tiveram todas algum controle da província durante um período de sua existência, mas nunca reinaram absolutas, o que só ocorreu com a Dinastia Qing 清朝 (1636-1912) em 1724. Ao assumir o controle, porém, o poder dos líderes locais, junto com um certo grau de autonomia, foi mantido, devido à complexidade cultural e étnica da região.
Ao longo da história, qualquer poder hegemônico em uma região tão diversa sempre sofreu oposições e a Dinastia Qing não foi exceção, com as chamadas Revoltas Dungan (1862-1877 e 1895). Esses conflitos levaram a uma diminuição das populações Hui 回族 (maior grupo muçulmano na China) em Shaanxi 陕西 e sua subsequente migração para as províncias de Gansu 甘肃 e Qinghai.
Com a queda da Dinastia Qing em 1912, o coronel local Ma Qi assumi o poder até 1928, quando a província de Qinghai é oficialmente fundada.
A localização afastada e elevada (a província fica no Planalto Tibetano com média de 3000 metros de altitude) fez com que Qinghai passa-se relativamente incólume pelos grandes conflitos que a China enfrentou no século XX como a Segunda Guerra Mundial (1937-1945) e a Guerra Civil (1945-1949) que terminou com a vitória dos comunistas e estabelecimento do governo regional em 1950.
O fim da guerra civil não alterou, entretanto, os já existentes problemas regionais, com o aparecimento de revoltas como a Insurgência Islâmica do Kuomintang entre 1950 e 1958. A demanda era de maior autonomia nas áreas com maioria Hui, conforme mandava a Constituição da China na época.
Economia
O PIB de Qinghai estava na casa de $50 bilhões de dólares em 2022, segundo dados oficiais do governo chinês, representando 0,3% do total nacional, atestando que a província segue, em larga escala, atrás da média de desenvolvimento nacional.
Há uma presença de indústrias metalúrgicas nos arredores de Xining 西宁 (capital) e de petróleo e gás natural na região do Planalto de Qaidam, ambas pilares importantes da economia local.
O principal fator de dificuldade para o desenvolvimento da economia de Qinghai está na falta de infraestrutura que, por sua vez, está ligada a geografia extremamente complexa da região, problema também enfrentado por outras áreas do oeste chinês.
Em 2000 foi estabelecida a Zona de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico de Xining (ou XETDZ na sigla em inglês), com uma área de 4,4 km² e incentivos para o fomento de indústrias como: químicos com base em sal (a área é rica em sal devido a presença dos lagos de água salgada como o próprio Lago Qinghai), metais, petróleo e gás, medicina especial, alimentos e bio-químicos dos animais e plantas presentes nas planícies locais e proteção ambiental.
Junto com outras iniciativas do governo, como a construção de rodovias, ferrovias e até, mais recentemente, de ferrovias de alta velocidade, o estabelecimento da XETDZ tem como objetivo desenvolver o oeste do país, um desafio sempre presente na gestão pública chinesa, conforme mencionado no nosso episódio sobre Chongqing 重庆.
No caso de Qinghai, o foco deve ir para a exploração sustentável e responsável dos seus abundantes recursos naturais, recursos estes, que serão a chave para o desenvolvimento e a maior integração da província com o restante do país.
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